domingo, 24 de novembro de 2013

Tornei-me ateu?

Quando comecei este blog eu acreditava na força divina que regeria toda a existência, a quem chamam por muitos nomes, às vezes considerada una, às vezes manifestando-se em múltiplas entidades. Ou melhor, achava possível sua existência. E qual humano nunca sonhou com essa idéia que dá sentido a um universo tantas vezes sem sentido?
Mas o tempo foi passando, fui sentindo cada vez mais a pressão da vida - algumas vezes insuportável -, e percebi que os resultados vêm conforme meu esforço. Então, onde Deus (a Divindade, de uma forma geral) entra nessa história?
Não sei. Essa é a resposta mais sincera que consigo dar no momento. Minhas orações não costumam ser atendidas (ou antes, às vezes até são atendidas, mas em uma porcentagem tão baixa que não posso considerar essa "Providência" mais do que obra do acaso ou de meu próprio esforço).
Acho estranho quando, por exemplo, a vida de alguém é salva numa mesa de cirurgia e alguém diz: graças a Deus! Acho que essa frase é um desrespeito à equipe cirúrgica que trabalhou por horas no paciente, aos cientistas que desenvolveram todos os equipamentos, medicamentos e técnicas utilizados na cirurgia, àqueles que direta ou indiretamente investiram tempo, esforço e dinheiro para que aquele "milagre" pudesse ser realizado. Quando algo ruim acontece, seja por obra humana ou da fortuna, dificilmente alguém diz: foi culpa de Deus! Mas se Deus é onipresente e onipotente, se rege tudo e todos, não é justo que além dos méritos ele também receba os deméritos?
Aí inventaram o livre-arbítrio, que explicaria por que coisas ruins aconteciam com pessoas boas, por exemplo. Posso estar errado, claro, mas o livre-arbítrio, que é o reconhecimento da liberdade de escolhas por nós, seres viventes, diante do determinismo natural ou divino, não faz toda oração, todo pedido por uma intervenção divina, perder o sentido?
Eu sempre acreditei que qualquer teoria incorre em erro quando começa a ficar complicada. A Verdade sempre é simples. Muitas religiões criaram teorias exageradamente complexas para explicar por que as coisas são como são. Essas teorias na maior parte das vezes, se não em sua totalidade, parecem visar a defesa de Deus ou dos deuses e de seus atos, como se a Divindade precisasse de advogados diante do juízo humano. Se existe uma Divindade que liga todas as coisas do universo, não creio que ela se importe em justificar suas ações para quem quer que seja.

Falando em religiões, creio que a base de todas as religiões que já foram criadas é só uma: o medo da morte. Ou melhor, não o medo da morte, propriamente, mas o medo de deixar de existir, de perder o que acumulamos (em termos de conhecimentos) durante toda a vida. Todas as religiões dizem que a alma, após a morte do corpo, vai para algum lugar. Nenhuma religião admite que a consciência se extinga com o fim do corpo. E é compreensível. Desde que comecei a pensar na morte, ainda em minha juventude, passei a ter um grande medo de deixar de existir e de que as pessoas que amo também um dia deixem de existir. Se eu conhecesse uma religião que apresentasse provas incontestáveis, objetivas e lógicas da existência eterna de nossa consciência eu a adotaria. Sem nenhuma dúvida.
O que é a felicidade?
Felicidade é ser quem você quer ser.
E infelicidade é você ser quem você não quer ser.
Ou, pelo menos, não ser quem você quer ser.
Simples, assim.