quarta-feira, 23 de abril de 2014


Há uma iniciativa em curso que há algum tempo chama minha atenção. Chama-se Mars One (Marte Um).
Trata-se de um projeto que tem por meta estabelecer uma colônia humana em Marte até 2024. A base será construída remotamente nos próximos anos, criando pouco a pouco um ambiente (de espaço muito restrito) que suporte a vida de humanos, que atuarão como pesquisadores das condições marcianas.
Um ponto interessante do projeto é que ele não é financiado por nenhum organismo governamental, de modo que não haja ingerência de nenhum governo sobre a colônia.
Outra característica é o recrutamento de voluntários que serão treinados para a missão, cientes de que terão uma viagem só de ida (one way astronaut), devido à inviabilidade técnica e financeira de enviar uma nave para resgatar os exploradores.
A base receberá quatro novos integrantes a cada dois anos; cada grupo aumentará a força de trabalho responsável pela ampliação das instalações, preparando a base para receber a leva seguinte.
Os exploradores enfrentarão, após os oito anos de treinamento na Terra, uma viagem que deve levar de sete a oito meses em uma nave relativamente minúscula, para em seguida passar possivelmente o resto de suas vidas em um ambiente que disponibilizará cerca de 50 m² por pessoa.
Naturalmente, nenhum deles poderá rever pessoalmente seus parentes e amigos, se os possuírem; contudo, acredita-se que será possível a comunicação frequente com a Terra, com todas as limitações tecnológicas existentes.

Horrível? Pode ser, em alguns aspectos. Mas lembremos que não é a primeira vez que nossa espécie se lança em uma viagem sem retorno para um mundo desconhecido e perigoso. Aliás, hoje estamos em todos os continentes do mundo porque nossos antepassados abriram mão do que já conheciam e arriscaram tudo através de oceanos, desertos e selvas.

Sobre o Mars One, não sei se se trata de um delírio de cientistas e investidores entusiastas, de um golpe publicitário ou estelionatário ou de um projeto sério que pode vir a ser um dos maiores eventos históricos da humanidade. Mas creio que não precisaremos esperar muito para descobrir.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Darkness imprisoning me
All that I see
Absolute horror
I cannot live
I cannot die
Trapped in myself
Body my holding cell

Landmine has taken my sight
Taken my speech
Taken my hearing
Taken my arms
Taken my legs
Taken my soul
Left me with life in hell

terça-feira, 1 de abril de 2014

50 anos atrás...

Às vezes dizem que sou a favor da ditadura. De forma nenhuma. Sou totalmente contra a ditadura, de uma forma geral. Inclusive sou contra essa ditadura que nos obriga a participar do processo eleitoral, a sair de casa a cada dois anos, em um domingo, para votar em alguém ou até mesmo (veja o absurdo) para não votar em alguém.
Certa vez ouvi uma juíza eleitoral tentar explicar a alguém por que o voto ainda é obrigatório no Brasil. Segundo a magistrada, o povo brasileiro ainda não possui maturidade suficiente para que o voto seja facultativo, como ocorre em tantos países. Sinceramente, até hoje tento entender o que ela quis dizer com isso.
Não ataco aqui o direito ao voto. Sou contra o "dever" de voto. A liberdade de voto, para ser plenamente exercida, precisa ser livre. É óbvio. Onde está a liberdade quando o Estado estabelece sanções para quem não exerce seu "direito"?

Nos idos dos anos 60 do século passado o regime militar contava a versão governista da história; hoje, meio século depois, só se vê a versão oposicionista da história, uma vez que os antigos perseguidos políticos hoje ocupam expressiva fração do governo e controlam boa parte dos veículos de comunicação. Inshallah daqui a mais 50 anos possamos reler esse episódio com frieza histórica e objetividade científica.

O fato inegável é que ambos os lados cometeram abusos e excessos. O povo ficou no meio de uma luta que não era dele. Digo e repito: uma luta que não era do povo brasileiro. De um lado tivemos os interesses de capitalistas estrangeiros defendidos com brutalidade e truculência pelos agentes da ditadura; de outro tivemos a doutrina da tirânica União Soviética sendo imposta através das armas e do terrorismo ao nosso povo, tão amigo da paz.
Os defensores dos repressores estatais dirão que eles seguiam ordens, que estavam agindo de acordo com o ordenamento jurídico vigente. Os dos guerrilheiros comunistas alegarão que estes defendiam a liberdade social e a volta ao estado de legalidade. É muito difícil para nós, que somos de uma geração que não viveu os prelúdios do Golpe de 1964, julgar o passado. Falta-nos a experiência do momento, do contexto social.
O que é de fácil apreensão é que ocorreram desmandos por parte dos agentes públicos, em todas as esferas, em todos os escalões. Claro que não falo de todos os agentes. Falo dos desonestos, dos gananciosos, dos inescrupulosos.
Também é impossível não perceber que a luta pela liberdade engendrada pelos militantes de esquerda foi uma falácia cínica, que encobria a tentativa furiosa de impor aos brasileiros uma outra ditadura, que talvez fosse mesmo mais cruel que a existente então, em nome de uma ideologia utópica que nunca teve sucesso em qualquer lugar onde tenha sido implantada. Não é necessário ser historiador, cientista político, sociólogo ou ter qualquer outra formação acadêmica para saber que todos os países que adotaram o socialismo ou o comunismo foram ou são ditaduras, mostrando que o regime esquerdista não se sustenta em uma democracia.
Tenho a impressão de que se os militares não tivessem se insurgido, hoje muitas vozes estariam protestando contra a ditadura comunista brasileira. Isso se fosse possível protestar.